quinta-feira, março 23, 2006

VII

Hoje tristemente descobri que "desaprendi" a amar!!!

Durante variáveis momentos surgiu-me sempre a ideia de uma realidade fugaz, em que buscamos sentido no nosso dia a dia monótono e muitas vezes "aparentemente" irreversível.

Escondemo-nos sempre em certezas falsas que a filosofia popular é pródiga. Certezas como: " Não há bem que sempre predure, nem há mal que nunca acabe" desviam-nos para um caminho torturoso num estado latente de "estúpidamente felizes".
Felizes serão aqueles que deglutidos nas suas cavernas, resistem aos de onde e para onde?

É seguramente realidade irredútivel que os grandes "humanos" criativos tiveram vidas turbulentas e intensamente sofríveis! É realidade irredútivel que os caminhos escolhidos serão sempre dúbios, até pela própria questão da escolha!

Paulo Coelho defende que a escolha será somente errada quando esta é questionada, levando-nos a um ambígua definição de correcto e falso. Será que o conceito é somente criado pela nossa interpretação emocional? Se assim o for, impomos á nossa auto-confiança um papel altivo e ao nosso ego o leme da nossa básica existência.

Poderemos confiar ás nossas hormonas o sentido híbrido do nosso futuro? Poderemos amar, criar, sofrer ou simplesmente sorrir suspensos numa realidade tão friamente ciêntifica?

Amar, sentir falta? Amar, saudade? Amar, desespero? Amar?? Não passará somente de uma colmeia de sentidos, escondidos nos seus favelos até descobrirmos cada um deles bocadinho por bocadinho?

Perguntem o que é amar ao dia a dia quotidiano!Perguntem o que é amar á distância! Perguntem o que é amar! PERGUNTEM, vá atrevam-se...

Definitivamente mais fácil virar a cara, não confrontar, refugiar-se na alegria exporádica e invariávelmente cruel. O equilibrio quebra-se e procuramos sempre a ordem dentro da anarquia. Quando despertamos procuramos sempre o próximo Valium que nos ajude voltar......ONDE?


Quando eu sonhava, era assim
que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca mais pude alcançar.
Para quê?-Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava - mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor não a conhecia...

"Folhas Caídas"
ALMEIDA GARRETT

Colonia, 24-08-2001

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